quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Como juntar água e óleo

Sempre que você lê ou ouve a expressão "Fulano e Propana são como água e óleo", a primeira ideia que vem à cabeça é a da impossibilidade dessas duas pessoas se unirem, não é? Impossível? Hummm... Pois neste post, senhoras e senhores, veremos que sim, para nós, essa possibilidade existe. Rá!


Aí você vê a sua avó preparando aquela maionese maravilhosa, usando óleo de cozinha e suco de limão (ou vinagre), mas peraí!!! Como é possível juntar um ingrediente oleoso a um aquoso, e formar um creme tão uniforme de uma maneira que chega a ser impossível distinguir as duas fases a olho nu? Elementar, meu caro e minha cara: o segredo é a gema de ovo que mete medo em muita gente.
Sim, a gema de ovo contém um fosfolipídeo, a lecitina, que age como um tensoativo natural. Um tensoativo, ou surfactante, é uma substância com estrutura molecular anfifílica, ou seja, tem afinidade tanto com a água, que é polar; quanto com o óleo, que é apolar. Assim, ele reduz a tensão superficial da água, e forma películas ao redor das gotículas do disperso (as micelas), impedindo-as de interagirem entre si, e formarem normalmente as fases originais.

Para entender melhor, derrame um pouco de óleo em uma tigela com água e mexa bem. Quando você parar de mexer, uma gotinha de óleo se juntará a outra, e a outra, sucessivamente, até que todas terão formado uma única camada de óleo, totalmente separada da água. E é justamente isso que um tensoativo impede que aconteça: as gotinhas, mediante agitação extremamente vigorosa, ficam tão pequenas que, quando dentro das micelas, se juntam ao dispersante de uma forma a serem quase imperceptíveis a olho nu.


Estrutura de uma molécula de tensoativo. A cadeia carbônica que compõe a extremidade apolar pode chegar a ser enoooorme. E o sal presente na "cabeça" polar, pode variar de acordo com o tipo do tensoativo. Imagem daqui.


Representação mais simples de moléculas de tensoativos, e como eles formam as micelas, aprisionando as gotículas no seu interior. Imagem daqui.

O resultado dessa "união forçada" entre fases oleosas e aquosas, por intermédio de um tensoativo, chama-se emulsão. A maionese é uma emulsão, assim como o leite, o creme hidratante, o filtro solar, a margarina, etc. Vale salientar que, neste caso em especial, o tensoativo empregado é classificado como emulsificante - existem também os sabões, detergentes, umectantes e os penetrantes.

Logo, emulsão é um sistema disperso (pois é heterogêneo, embora não pareça tanto), constituído de duas fases imiscíveis (oleosa e aquosa), onde a fase dispersa é finamente dividida e distribuída dentro de uma outra fase, a dispersante, sob a ação de um agente tensoativo específico.

Há todo um universo envolvendo as emulsões no nosso dia-a-dia. Mas isso, exploraremos nos próximos posts. Agora, pausa para respirar!

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2 comentários:

  1. Respostas
    1. It's science, baby! É tão encantador quando a gente passa a descobrir o que há por trás de coisas tão aparentemente simples, do nosso dia-a-dia, né? *.*

      Beijo, galego!

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